terça-feira, 10 de agosto de 2010

7 Dias sem comer pão = A. T. Verde

7 Dias sem… comer pão!
A confissão fica-me mal? Quero lá saber. Digo-o, melhor, escrevo-o e subscrevo-o.
Então com manteiga da “verdadeira!” Hummm…
Domingo:
É nosso hábito, antes da Missa das nove, passar com uma hora de antecedência pelo estabelecimento de pão quente para tomarmos a respectiva meia-de-leite e pão com manteiga, aproveitando também para lermos o jornal. Pão fresquinho/quentinho, ainda a fumegar, enchendo as nossas narinas com aquele cheirinho que todos conhecemos. Abri-lo com jeito e barrá-lo com manteiga que se derrete sem dificuldade, trincá-lo e sentir o delicado estaladiço da crosta a desvanecer-se na boca é gostosamente um pequeno lauto muito agradável. Ou queimar os dedos para tirar do lume aquela torrada de pão robusto que vai merecer manteiga e uma talhada de queijo fresco, acabadinho de sair do frigorífico. O contraste leva-nos ao… suspiro. Ou arrancar um pedacinho – de pão de hoje ou da véspera, que interessa isso – e molhá-lo nos sucos que restam do frango assado da muito distante infância…
Bem, se estas linhas não vos explicam exactamente a devoção que tenho ao Pão-nosso de cada dia, escusam de ler o resto. Não irão entender nadinha! Este primeiro dia não custou nada. Passei-o a imaginar as mil formas de comer pão que me dão prazer e, na verdade, parece que estou farto…
Combinámos passar uma semana sem comer pão. Este esforço ou jejum, tem como princípio saber ou poder avaliar a grande indigência mundial daqueles que não o comem por não o terem. Assim:
I
Começamos no Domingo
Aposta por nós aceite
Tomamos apenas um pingo
Nada de pão, nem de leite
II
Quando chegou a Segunda
De manhã, na ocasião
Começou a barafunda
Não se pode comer pão
III
Caminhando para Terça
Pelas oito da manhã
Houve a mesma conversa
Pão, hoje não há
IV
Chegou a quarta-feira
Pão, que saudade
Não veio a padeira
Nem de manhã nem de tarde
V
Esperemos para quinta
Pode haver alguma sorte
Acabar por fazer a finta
À jura do nosso porte
VI
Dizem que a sexta-feira
É sempre dia de azar
Se calhar faço a asneira
E o voto vou quebrar
VII
Oh Sábado, trás o maná
E eu com água na boca
Comer pão só amanhã
Hoje ninguém lhe toca!
VIII
Finalmente é Domingo
A fome já nada me arreiga
Eu não quero o pingo;
Meia-de-leite e pão com manteiga
IX
É esta a nossa história curta
Para quem possui fartura
Que nos colocou em disputa
Uma ideia fictícia de loucura
X
Haja maior respeito pelo pão
E, por quem dele muito precisa
Porque não pode haver perdão
Por falta dele a quem agoniza…
Autoria:- Agostinho Teixeira Verde

Valdemar Marinheiro
I
Côdeas de Brôa tantas comi,
lembrado tempo de Aljubarrota.
Mesmo pedindo, depois reparti,
tal como a minha prima Barrota
II
Esse passado, pobre na Gente,
não há porque nos envergonhar.
Porque pedir, sempre é decente,
indecente, será sempre o roubar
III
Tantas e tantas almas pobretanas,
com os seus corações sem palpitar.
Julgam ser enormes ratazanas,
São, seres parasitários a vegetar.
IV
Pergunta do meu coração,
com toda a sinceridade.
Foi um acto de contrição?
Ou foi por solidariedade.
V
A pergunta tem uma razão!
Pela situação que nos consome!
Pois se repartissem melhor o Pão,
não morriam tantos milhões à Fome.
VI
Quando se tem bom coração
Que nos permite partilhar,
Há sempre uma forte razão.
Para dos faminttos, nos lembrar.
VII
Verde meu bom Amigo,
Ouve só mais um bocadinho,
Totalmente solidário contigo.
Recebe um forte abraço Agostinho.

1 comentário:

Piko disse...

O nosso amigo A.T.Verde com a sua boa disposição de sempre a fazer-nos um convite para uma experiência de uns dias sem tocar no paozinho estaladiço, pelo menos uma semana, para ver quanto custa cortar com hábitos antigos...
Pode ser uma espécie de aposta, quem sabe, ou um desafio aos hábitos, e, se for o caso, poderemos tentar prescindir da bica depois das refeições, tomar a bica sem açucar e por aí fora...
Já começo a entender, trata-se dum pequeno ajuste de contas com a rotina do dia a dia, ao mesmo tempo que nos pomos à prova, versejando...
Será isso?!
Foi um prazer amigo A. Verde!
PIKÓ